Escolas terão professores de educação física para treinar crianças com autismo

Parceria com a Special Olympics foi anunciada durante audiência pública conjunta da Alerj com a Câmara Federal

Foto: Divulgação.

Um convênio será firmado entre o Governo do Estado e a organização mundial de esporte Special Olympics com a finalidade de capacitar professores de Educação Física para atuar com crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas escolas estaduais do Rio. A informação foi anunciada pelo presidente da Superintendência de Desportos do Estado do Rio (Suderj), Renato de Paula, durante audiência pública conjunta da Comissão da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) com a Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados, nesta segunda-feira (02/10). A previsão é que o acordo seja firmado ainda este mês. (Leia mais abaixo)

“A Special Olympics realiza competições no mundo inteiro com deficientes intelectuais e nós vamos fazer isso através das escolas estaduais, capacitando professores para acolher estudantes e futuros atletas. É preciso incluir o esporte cada vez mais precocemente na vida de crianças com TEA. Dados dos Estados Unidos mostram que demora sete anos para uma pessoa com deficiência encontrar o esporte e nós, aqui no Brasil, queremos reduzir esse tempo”, explicou Renato, que também é fisioterapeuta. (Leia mais abaixo)

A audiência, que falou sobre a importância da neurociência na inclusão esportiva e no lazer da pessoa com autismo, foi conduzida pelo deputado Júlio Rocha (Agir), vice-presidente da Comissão de Pessoa com Deficiência da Alerj, e pelo deputado federal Otoni de Paula (MDB/RJ), membro titular da Comissão do Esporte em Brasília. Essa é a primeira vez que o colegiado federal realiza uma audiência em um Parlamento estadual. “Estamos muito felizes em receber a Comissão da Câmara dos Deputados aqui na Alerj. A nossa função é dar voz para a população falar sobre a realidade dela. O que a gente precisa mesmo é conscientizar as pessoas através da educação”, disse Júlio Rocha. (Leia mais abaixo)

A Organização Mundial de Saúde estima que 1% da população tenha o transtorno. Ou seja, só no Brasil são cerca de 2 milhões de autistas. No Estado do Rio, a projeção é de 160 mil pessoas vivendo com autismo, uma condição cuja incidência vem aumentando nos últimos anos. (Leia mais abaixo)

Durante a audiência, o professor da Faculdade de Medicina da UFRJ, José Otávio Pompeu, trouxe a estatística preocupante de que autistas têm até 25 anos a menos de expectativa de vida do que uma pessoa que não apresenta o transtorno. “Os autistas estão vivendo menos. Se atualmente a expectativa de vida é de 72 anos de idade, a dos autistas é de 47 anos”, disse Pompeu, que foi diagnosticado com o transtorno aos 40 anos. (Leia mais abaixo)

Ainda de acordo com o professor, a principal causa para esse índice de mortalidade é que o autismo não está sendo tratado da forma correta. “O autismo é uma questão de clínica médica, de cardiologia, de gastroenterologia e de saúde da família como um todo. A maior causa de morte de autistas são problemas do coração que poderiam ser resolvidos. Para o autista viver mais, a gente precisa de um esforço coletivo e o esporte intenso e de alto rendimento cardíaco é o caminho. É preciso que o Sistema Único de Saúde tenha esse olhar”, acrescentou. (Leia mais abaixo)

Em resposta, o deputado federal Otoni de Paula disse que vai marcar uma reunião entre o professor e a ministra da Saúde, Nísea Trindade, por considerar que a situação requer urgência de ação governamental e um atendimento integral do SUS. “Milhares de brasileiros estão nessa fila de morte antecipada pelo autismo. Nós precisamos tratar essa política pública com mais seriedade, tentando ao máximo dar visibilidade a essas pessoas que têm direito de viver com qualidade de vida”, pontuou o parlamentar. (Leia mais abaixo)

Esporte na qualidade de vida

Para o professor Felipe Nilo, que usa as artes marciais no tratamento do autismo, a prática esportiva deve ser considerada como parte importante nas intervenções terapêuticas de pessoas com TEA. “As práticas esportivas têm impacto direto sobre a produção e modulação de neurotransmissores cerebrais, além da capacidade potencializar o equilíbrio, a força muscular e o tônus, que são comprometidos na maioria das crianças autistas. A doutrina milenar das artes marciais também prega autocontrole, disciplina e segurança. Precisamos olhar para os esportes também como terapia”, destacou. (Leia mais abaixo)

A advogada Rafaela Veiga, mãe da Marina, de 5 anos, com autismo nível 2, concordou com a fala de Felipe. “A Marina fica super regulada quando corre e se sente fadigada pela atividade física. O esporte ajuda e é essencial para tudo. É muito importante ver que isso está sendo observado”, comemorou. (Leia mais abaixo)

Verbas federais

Durante sua fala, Rafaela também ressaltou a importância de haver políticas públicas para mães e responsáveis por crianças com TEA. ‘Eu vi a minha vida virar de cabeça para baixo quando minha filha foi diagnosticada. A maioria das mães não têm rede de apoio, não podem trabalhar e vivem de benefícios. Todas as terapias voltadas para o transtorno demandam tempo e dinheiro. Isso influencia diretamente na vida das crianças”, explicou. (Leia mais abaixo)

Rafaela faz parte do Instituto Conhecer para Incluir, uma organização direcionada não só à causa das pessoas com TEA, mas para o empoderamento e inclusão no mercado de trabalho de mães atípicas. Diante da fala de Rafaela, o deputado Otoni de Paula informou que vai destinar R$ 500 mil para o instituto através de emendas parlamentares federais.

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