“Horta pedagógica no processo de ensino e aprendizagem em uma escola de Campos dos Goytacazes”, projeto desenvolvido pela Prefeitura de Campos por meio da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca (Semapp) em parceria com a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) e com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), foi apresentado esta semana na EDULEARN23, a 15ª Conferência Internacional sobre Educação e Novas Tecnologias de Aprendizagem. Este ano, o renomado evento foi realizado em Palma, na Espanha, nos dias 3, 4 e 5 de julho. A EDULEARN, que existe há 15 anos, é uma conferência educacional global que permite que palestrantes, pesquisadores, tecnólogos e profissionais do setor educacional apresentem seus projetos e compartilhem conhecimentos sobre metodologias de ensino e aprendizagem.
O projeto, já desenvolvido em cinco escolas do município, foi apresentado na última terça-feira (3), com base na experiência da horta pedagógica implantada na Escola Municipal Genésio Viana, da localidade de Palmares, distrito de Santa Maria. Chefe de gabinete da Secretaria de Agricultura e um dos autores do projeto, o instrutor Paulo César dos Santos demonstrou, na apresentação, que o uso de recursos didáticos alternativos propicia o desenvolvimento de habilidades e competências e a melhoria da qualidade do ensino público municipal.
“Montamos uma horta horizontal, de canteiros em formato de letras e com hortaliças de folhas, fruto e raiz, na Escola Municipal Genésio Viana. O projeto envolveu turmas da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, com aproximadamente 42 alunos com idades entre 3 e 10 anos. O objetivo foi avaliar o impacto da horta como recurso pedagógico. Assim, o primeiro passo para iniciar o trabalho foi uma pesquisa sobre os tipos de hortaliças que poderiam ser cultivados em cada época do ano. Depois, houve o preparar dos canteiros, adubados com matéria orgânica como esterco de bovinos, pó de serra e cascas de café. O terceiro passo foi semear as sementes e aguardar o surgimento das primeiras mudinhas. Os alunos acompanharam o processo por meio de visitas periódicas, tomando sempre os cuidados necessários e refletindo sobre a importância do cultivo das hortaliças para a produção de verduras de qualidade, que passaram a fazer parte da educação alimentar”, disse Paulo César, explicando o projeto.
AGRICULTURA URBANA – As Hortas Pedagógicas, juntamente com as Hortas Comunitárias e Hortas Comerciais, fazem parte do programa de Agricultura Urbana, criado no governo Wladimir Garotinho. O programa, com os três projetos, objetiva promover conhecimentos e a valorização da agricultura a partir da aplicação, no ensino-aprendizagem, de conceitos e bases científicas em disciplinas diversas; a preservação ambiental e a sustentabilidade e segurança alimentar e nutricional, inclusive com o aproveitamento de áreas que comprometem o equilíbrio do ambiente, como as utilizadas para despejo irregular e lixo e entulhos. Também autor do projeto apresentado na Espanha, o secretário Almy Júnior exemplifica o potencial das Hortas Pedagógicas na área da educação.
“O trabalho doas alunos nas hortas envolve diferentes habilidades. Na disciplina de Ciências, por exemplo, o professor poderá trabalhar com o nascimento das plantas desde a germinação até o crescimento, a produção de fórmulas de adubos orgânicos; os males do uso inadequado de agrotóxicos. Já em Português, o professor aproveita das pesquisas que os alunos realizaram para fazer uma transposição didática entre os gêneros textuais. Em Matemática, poderá explorar conteúdos de medida de peso, tempo, metro, litro, quantidade e muitos outros. Em História e Geografia pode fazer uma reflexão sobre o tempo e espaço, os contextos históricos, tipos de solo, clima, período de seca e chuva, entre outros. Ainda há diversas possibilidades do resgate da importância de uma alimentação equilibrada, da segurança alimentar e nutricional possibilitando aos alunos a conciliação da teoria e a prática através do cultivo da horta, uma vez que eles podem colher e levar o que cultivaram para serem consumidos em casa”, falou Almy.
PRIMEIRA UNIDADE EM PALMARES – A primeira horta pedagógica foi implantada na Escola Municipal Genésio Viana, na localidade Palmares, na região Norte de Campos. O cultivo rendeu cenoura, tomate, beterraba, alface, espinafre, couve, alho poró e muito mais. Lá, já por meio de parceria da Secretaria de Agricultura com a Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia, foi criado um projeto escolar que recebeu o nome “Eu plantei. Eu colhi. Eu comi”. A diretora da escola, Juliana Freitas da Silva, conta que toda comunidade escolar participou da confecção da horta e do plantio. Os alimentos produzidos na horta tanto são utilizados na merenda escolar como levados pelos alunos para o consumo em casa, com a família.
“A horta é um excelente recurso pedagógico, porque os alunos aprendem a lidar com a terra, com as plantas, aprendem como funciona o processo de plantio e colheita dos alimentos que eles consomem. Com isso, entendem a importância de preservar o meio ambiente e de adotar práticas sustentáveis para a manutenção dos recursos naturais, essenciais para nossa vida no planeta. O cultivo de uma horta na escola promove a consciência socioambiental nas crianças, que requer responsabilidade na atuação do ser humano sobre a natureza, visando diminuir os impactos e melhorar as condições de vida no planeta. Além disso, descobrem o valor do trabalho do campo, da responsabilidade que os agricultores e produtores rurais têm de produzir os alimentos que vão para a mesa de todos nós”, declarou a diretora.
O secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca volta a destacar os objetivos do projeto. “A proposta é implantar hortas pedagógicas nas escolas municipais para a execução de aulas práticas por meio da agricultura como ferramenta para o ensino. O projeto prevê a capacitação dos professores por meio de oficinas de aulas práticas com diferentes estratégias pedagógicas; identificar as percepções dos alunos referentes a importância da agricultura para segurança alimentar; ampliar o funcionamento do laboratório de ciências da escola; possibilitar aos alunos o contato direto com os fenômenos, a manipulação de materiais, observação de organismos, entre outras formas de utilização da agricultura como ferramenta interdisciplinar”, concluiu Almy.