Nelcimar Pires ganha mais um prêmio no carnaval e esbanja energia no Congos

Estilista campista, que já ganhou premiações pela criatividade de suas fantasias pelo mundo afora, fala ao Campos 24H e Baixada no desfile de SJB

Foto: Campos 24 Horas.

Postado por Fabiano Venanio – O carnavalesco campista Nelcimar Pires continua a colecionar troféus. Desta vez, o Prêmio Plumas & Paetês Cultural, destinado a técnicos e profissionais que trabalham nos bastidores do carnaval carioca. Nada demais, por se tratar de uma rotina para o campista que tornou-se uma referência na festa de Momo e ganhou outras premiações pela criatividade de suas fantasias pelo mundo afora: Japão, China, Suiça, Canadá e Inglaterra, entre outros países. O ano não poderia ter sido melhor para o estilista que desfilou pelo Salgueiro mas ficou feliz em ver o título nas mãos da Imperatriz Leopoldinense, escola por onde desfilou por 17 anos.  “Foram quatro meses de trabalho. É uma fantasia linda, mas pesada. São seis metros de largura. Mas consegui passar bem pela avenida”, contou Nelcimar, em entrevista aos sites Campos 24 Horas e Baixada Campista durante o desfile da escola Congos, em São João da Barra. Mesmo desfilando no Rio, ele ainda revela que não abre mão de participar do carnaval de São João da Barra, onde fez seu primeiro desfile em 1978. (Vídeo da entrevista acima)  

 

— Sempre curti a Imperatriz, criei um vínculo muito forte com a escola, tanto que fiquei 17 anos lá. Levei 10 anos na Portela, onde saí em 2006, depois houve uns problemas e me afastei. Carnaval para mim é lazer, alegria e felicidade. Então saí para a Imperatriz, a convite do Wagner Araujo, diretor de carnaval. A escola ficou em jejum por 20 anos, caiu para o grupo de acesso, ainda assim continuei lá como abre-alas na época. Depois que faleceu seu Luizinho Drummond (patrono e presidente) perdi um pouco a empolgação e fui para o Salgueiro, onde já tinha desfilado oito anos. A escola estava rica este ano, mas teve problemas no dia do desfile e não tinha mais chance. Aí torci muito pela Imperatriz e ainda pela Viradouro, onde também no ano passado fui abre alas. Acabou que uma foi campeã, e a outra, vice. A Imperatriz estava linda — reconheceu Nelcimar. (Leia mais abaixo)

 

Para Nelcimar, os enredos históricos contam histórias de um Brasil que precisa ser apresentado aos brasileiros, como fez a Imperatriz, realçando a cultura popular ao tratar da história de Lampião este ano. “Eu amo esses enredos que contam a História do Brasil, que tratam de histórias que não aprendi na faculdade que fiz e fui aprender no carnaval. Eu fiz Getúlio Vargas, no Hotel Glória, no ano 2000, quando a Portela, assim como as outras escolas só trataram de temas brasileiros. E tive conhecimento da vida inteira de Getulio. Nossa história é rica e precisa melhor contada. Este ano foi o Nordeste, Lampião, uma cultura do Brasil muito rica, mas que muitos não conhecem. Palmas para a Imperatriz!”, celebrou. (Leia mais abaixo)

 

O carnavalesco se inspirou nos bailes de gala do Theatro Municipal e do concurso de fantasias dos antigos carnavais, como no Teatro Municipal, Copacabana Palace, Hotel Glória e Clube Monte Líbano, onde faziam grande sucesso artistas como Clovis Bornay, Evandro Castro Lima e Mauro Rosas, entre outros. Inspirados no carnaval de Veneza, eram espetáculos multicoloridos de luzes onde pontificavam luxo, originalidade e a criatividade, apreciados por estilistas do mundo inteiro.

— Era esperar após o carnaval e abrir as revistas semanais no dia seguinte. Tenho saudades dos carnavais de clube e salão, além do desfile de fantasias. Uma pena ter acabado aqueles bailes. Eu ficava sonhando com aquelas grandes estrelas do carnaval e suas fantasias luxuosas, queria ser um deles e receber aqueles troféus. Anos depois, eu estava lá participando do concurso de fantasias no Hotel Glória. No primeiro ano obtive uma menção honrosa, no segundo fiquei em terceiro, no terceiro fiquei em segundo, e no quarto ano fui campeão. Tenho com cinco troféus cravejados de pedras brasileira que guardo em minha casa, quando ganhei página inteira da revista Manchete. Hoje as fantasias saíram dos salões para o sambódromo. (Leia mais abaixo)

 

Energia e vitalidade não faltam a Nelcimar durante a folia. Após desfilar no Rio, ainda encontrou fôlego para sair no Congos, a tradicional escola de samba de São João da Barra, na terça-feira de carnaval. “É preciso muito pique e energia, mas é o amor e a tradição que acabam por prevalecer no final. Comecei no Congos, em 1978. Não poderia deixar de estar aqui na minha segunda cidade. Desde que nasci frequento minha casa de verão em Atafona. Tudo que aprendi no carnaval foi aqui, a minha escola e faculdade. Depois o que fiz depois foi aperfeiçoar”, explicou. (Leia mais abaixo)

 

Quanto ao carnaval de Campos, Nelcimar lastima a interrupção dos desfiles das escolas e blocos, mas acredita no ressurgimento do espetáculo. (Leia mais abaixo)

 

“Campos tem tudo para fazer de novo um bom carnaval. Peguei o tempo em que o carnaval era ainda na Avenida Sete de Setembro, com doutor Edson Coelho dos Santos a frente da escola Unidos da Coroa. A sociedade se fazia presente com homens e mulheres lindas, com a criatividade do Julivetti e o Argeu Nani que faziam as coisas acontecerem”, recorda. (Leia mais abaixo)

 

O carnaval de Campos é rico em história e tradição, reitera Nelcimar, ganhou o Cepop como espaço privilegiado, mas há ainda obstáculos que precisam ser removidos e cabe ao poder publico identificar quem trabalha com seriedade para separar o joio do trigo. (Leia mais abaixo)

 

“Campos tem hoje um espaço de trabalho como o Cepop, conta com agremiações tradicionais e bons profissionais. Mas tem alguns deles que são poluídos e cabe ao poder público separar quem trabalha com seriedade. Há alguns anos fizemos um bom carnaval, o Milton Cunha esteve por aqui, e tudo correu muito bem. Sou folião, gosto de arte e cultura. Torço para que o carnaval de Campos volte a ser o que era”, finalizou.

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