A 3ª Vara Federal Criminal revogou, nesta segunda-feira, uma das prisões preventivas de Glaidson Acácio dos Santos, o “Faraó dos Bitcoins”, referente a um processo por estelionato, cometido contra duas pessoas. O ex-garçom e presidente da GAS Consultoria e Tecnologia, que segue preso na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, responde, hoje, a 13 ações penais. Contra ele havia sete prisões preventivas decretadas. Com a decisão desta terça, restam ainda seis prisões.
Em sua decisão a juíza federal Rosália Monteiro Figueira, cancelou o mandado de prisão contra Glaidson. A magistrada, porém, indeferiu pedido da defesa do empresário para anular as provas contra ele “tendo em consideração os princípios da segurança jurídica e credibilidade do sistema judiciário”, segundo um trecho da decisão.
Glaidson é apontado pelo Ministério Público do Rio como chefe de uma “tropa” armada para monitorar e até matar concorrentes no mercado das criptomoedas.
Assassinato de concorrentes
Em dezembro do ano passado, o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP, desencadeou a operação Novo Egito, que apontou o envolvimento do empresário numa organização criminosa com o fim de “assassinar concorrentes”. De acordo com o Gaeco, o “Faraó dos Bitcoins” destinava parte dos recursos obtidos com o golpe da pirâmide financeira, disfarçada de investimentos em bitcoins, para custear aluguel de carros, compra de armas, pagamento de seguranças e contratação de detetives e pistoleiros para garantir a soberania no mercado de pirâmides na Região dos Lagos do Rio.
As investigações demonstraram que seis das empresas de fachada criadas por Glaidson foram utilizadas para garantir o fluxo financeiro entre o negócio do “Faraó”, liderado pela GAS Consultoria e Tecnologia, e o “setor de inteligência”. O Gaeco também descobriu que outras duas firmas, a Central Pescados e Alimentos Mourão e a Alfabank Consultoria e Investimentos, serviam para o dinheiro chegar aos executores dos crimes.
A quebra do sigilo telefônico do Faraó revelou, de acordo com as investigações, que ele recorria a esse “setor de inteligência” para emitir a seus subordinados ordens diretas sobre quais concorrentes deveriam ser “zerados/eliminados”. Em mensagens trocadas com um dos seus comparsas, Ricardo Rodrigues Gomes, o Piloto, Glaidson — utilizando o nome “Souza Santos” — pede ajuda para criar “uma equipe de dez cabeças para fazer uma limpeza em Cabo Frio”.
Glaidson está preso desde agosto de 2021. Alvo central da Operação Krytpos, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF), ele é acusado de montar uma pirâmide financeira disfarçada de investimento em bitcoins. A Operação Novo Egito foi um desdobramento da Kryptos.
Fonte: Extra