Há 30 anos na sala de aula, boa parte deles cuidando de crianças da educação infantil, Elizete de Carvalho ainda sente aquele friozinho na barriga no primeiro dia de aula e seu projeto de vida é continuar fazendo a diferença na vida dos seus alunos. (leia mais abaixo)
Pedro Motta encarou neste ano de 2022, pela primeira vez, a missão de dar aula de história na rede pública de São Paulo. Num primeiro momento, a ideia era fazer uma verdadeira revolução na escola, hoje, o processo de aprender a conversar e a entender os alunos ganhou força.(leia mais abaixo)
O que une as histórias de Elizete e Pedro? Além do amor à profissão, eles seguem lecionando em escolas da rede pública, mesmo sem a estrutura necessária. Neste sábado, dia 15 de outubro, dia dos Professores, eles compartilham o amor pela profissão e também falam das dificuldades que têm enfrentado no dia a dia, principalmente após o isolamento imposto pela pandemia.(leia mais abaixo)
“De todos os anos de magistério, com certeza, este foi o mais desafiador”, diz Elizete. “As escolas de educação infantil da rede municipal de São Paulo trabalham com as salas multietárias, tínhamos crianças de 3 anos, ainda com fralda, e outras com mais de 5 anos, perto de ingressar no ensino fundamental.” E o desafio de atender 35 alunos, cada um conforme a necessidade imposta pela idade.(leia mais abaixo)
Somado a isso, as crianças tiveram dois anos longe do ambiente escolar, o que acarretou problemas de socialização e adaptação às regras do ambiente escolar.(leia mais abaixo)
Apesar dos perrengues, quando questionada sobre seus sonhos, ela responde de pronto: “Pretendo continuar contribuindo, realizando um trabalho bom, o dia que não tiver interesse em ir para a escola e me encontrar com eles, acabou”, diz. “Eles me resgatam diariamente, a motivação vem em um abraço, no elogio, essa é a grande alegria de fazer aquilo que gostamos.”(leia mais abaixo)
A motivação de Pedro veio de casa, filho de professores, aos 11 anos decidiu que daria aula de história. Neste ano, além do desafio de dar os primeiros passos na profissão, ele encarou o retorno dos estudantes à escola, após o período de ensino remoto.(leia mais abaixo)
“Cheguei com a expectativa de promover grandes mudanças, com milhões de projetos, mas hoje, praticamente depois de um ano, estou aprendendo a ouvir meus alunos”, conta. (leia mais abaixo)
Professor em uma escola estadual em Ermelino Matarazzo, na zona leste da capital, Pedro viu no dia a dia as dificuldades de seus alunos. “A realidade é muito cruel, eles não têm acesso a museus ou teatros, a escola deveria abrir mais espaço para essas atividades, não se fechar nela mesma”, lembra. “Fizemos um trabalho sobre livros e a referência deles era apenas a Bíblia.”(leia mais abaixo)
Além da falta de oportunidades, os estudantes encaram os problemas sociais, que acabam entrando na escola, como a violência e drogas. “As escolas precisam investir mais em estrutura, internet de qualidade, ferramentas e condições para que professores e alunos não percam o estímulo.”(leia mais abaixo)
Anna Helena Altenfelder, presidente do Conselho de Administração do Cenpec, ONG que trabalha pela qualidade e equidade da educação pública no país, reforça que no cenário atual, é preciso que haja valorização da carreira. “Não só um salário melhor e compatível com outras áreas, como as condições de trabalho, em alguns lugares, falta giz na sala de aula.”(leia mais abaixo)
No dia dos professores, é fundamental que o olhar se volte ao professor, como destaca a presidente do Cenpec. “A profissão mais desafiada na pandemia foi a dos professores, o resultado é a saúde mental comprometida e é fundamental que políticas públicas sejam implantadas para apoiar e auxiliar os educadores.”(leia mais abaixo)
Brasil arrisca ter um apagão de professores nos próximos anos. “Estudantes admiram os professores, mas não querem seguir a carreira diante da falta de valorização e condições de trabalho”, conclui.