Quem é Renato Valentim, que deve comprar a SAF do Americano

Clube de Campos, empresário e Felipe Melo estão próximo de um acordo

Postado por Fabiano Venancio – O Grupo Boston City liderado pelo empresário Renato Valentim e o jogador Felipe Melo, do Fluminense, estão próximo de um acordo para adquirir 90% das ações da SAF (sociedade anônima de futebol) do Americano Futebol Clube,  revela o GE Minas, com base em informações junto à assessoria da corporação. Valentim, radicado nos Estados Unidos, é o fundador do Boston City Futebol Clube, com sedes em Manhuaçu (MG), sua cidade natal, e em Boston (EUA). Nesta matéria, o Campos 24 Horas mostra que o mesmo grupo empresarial negocia com outros clubes tradicionais do Brasil.

O foco principal de suas operações está no desenvolvimento de talentos e na criação de uma ponte entre o futebol brasileiro e o norte-americano. (leia mais abaixo)

Com este objetivo, o grupo busca expandir sua rede de clubes no Brasil. A estratégia inclui a aquisição de quatro ou cinco clubes em diferentes estados, ampliando sua área de captação e formação de talentos. (leia mais abaixo)

 

Além do Americano, o grupo também negocia com clubes tradicionais como o Guarani, de Campinas, campeão do Brasil de 1978 e rebaixado este ano para o Campeonato Brasileiro da Série C, e ainda o Joinville que disputa o Brasileiro da Série D. (leia mais abaixo)

PRESIDENTE DO AMERICANO CONTESTA SAF – A venda do Americano, por meio da parceria entre Felipe e o grupo americano, foi aprovada por unanimidade em reunião do Conselho Deliberativo do clube, realizada na noite da segunda-feira (16). (leia mais abaixo)

No entanto, a decisão foi contestada pelo presidente do clube, Tolentino Reis, que não participou da reunião. Em nota oficial divulgada à imprensa, o mandatário afirmou que não haverá venda do Americano e que todas as medidas jurídicas estão sendo tomadas. (leia mais abaixo)

Tolentino afirma não ter sido comunicado da decisão e que sua proposta é para que o Americano tenha sua própria SAF e, através dela, possa captar recursos. (leia mais abaixo)

O Conselho Deliberativo do alvinegro, por sua vez, enumerou um rol de questionamentos encaminhados a Tolentino que, de acordo com os conselheiros, não tem cumprido com os compromissos com o clube, além de descumprir normas do estatuto da agremiação. (leia mais abaixo)

QUEM É RENATO VALENTIM – O sonho de conquistar a independência financeira na principal potência econômica do mundo é o que motiva a maioria das pessoas a sair de seus países. Em muitas ocasiões, os imigrantes encaram trabalhos recusados pelos nativos e economizam os dólares recebidos para, aos poucos, juntar suas economias e melhorar de vida. Isso ocorreu com Renato Valentim, hoje com 54 anos. (leia mais abaixo)

Valentim desembarcou em Boston, capital do estado de Massachusetts, em 1998. O mineiro de Manhuaçu, na Região da Zona da Mata, não sabia falar inglês quando chegou nos EUA. Ele começou a trabalhar lavando pratos em um restaurante. (leia mais abaixo)

O então funcionário do restaurante, aos poucos, alcançou mais qualificadas funções, assim como melhores salários no estabelecimento. E conciliou suas funções com aulas de culinária para aprender o idioma local. Até que em 2004, já estabelecido financeiramente, decidiu abrir o próprio negócio, a Tabern The Square, em parceria com dois amigos. (leia mais abaixo)

A “taberna” prosperou. Hoje, são 23 unidades espalhadas pelos estados de Massachusetts, Connecticut e Rhode Island, onde vivem milhares de brasileiros. O sucesso no restaurante transformou a vida de Valentim, casado com Erika e pai de dois filhos, Benjamin e Noah.

O tino afiado para os negócios levou Valentim a uma ascensão fulminante. Com os lucros, expandiu os investimentos para os setores de construção e educação. Por fim, em 2014, resolveu experimentar os desafios do mundo do futebol. (leia mais abaixo)

O empreendedor mineiro está há 27 anos nos Estados Unidos. “Cheguei novo. Estou com 54 anos. Comecei aqui trabalhando como muitos imigrantes que chegam aqui, em um trabalho que os americanos, talvez, não gostariam de fazer: lavando pratos. Estudei inglês no início, culinária por dois anos, fiz administração e fui crescendo dentro do restaurante onde trabalhei por seis anos”, contou.

Em 2004, Valentim refletiu e chegou a conclusão que estava preparado para empreender. “Me sentia preparado e estava bem financeiramente para começar a empreender aqui. Foi quando abri o primeiro restaurante. Hoje, são 23 restaurantes que tenho nos EUA com um sócio irlandês e quase 4 mil funcionários na rede. Invisto na construção civil, investimento imobiliário e escola infantil. Tudo em Boston. No Brasil, tenho uma empresa de construção civil. Tenho também um centro de esportes em Alphaville, São Paulo, que já vai em direção ao que a gente faz e a escola de futebol do Boston City”, completou.

A paixão pelo futebol e por identificar oportunidades neste nicho que movimenta bilhões pelo mundo afora motivou Renato Valentim a direcionar seus investimentos no esporte mais popular se seu país.

PAIXÃO PELO FUTEBOL – “Cresci assistindo (futebol), minha infância e juventude foi toda no Brasil (em Manhuaçu). Então, foi um dos motivos pelos quais eu comecei a investir no futebol. E também, na época, não tinha clube aqui em Boston. Tem o (New England) Revolution, que é da MLS, mas ele fica aqui a uma hora e meia de Boston, fora da grande Boston. Eu acompanho principalmente o futebol brasileiro e torço, lógico, primeiro para os clubes de Minas, depois para os do Brasil e, por fim, para os sul-americanos”.

O empresário brasileiro admite que o futebol continua longe de ser o esporte mais popular dos Estados Unidos. Ainda que os americanos tenham passado a gostar mais da modalidade, ainda preferem futebol americano, basquete, beisebol e hóquei no gelo. Com brasileiros, a história é diferente. A paixão de Valentim pelo “soccer” motivou a criação do Boston City FC, no fim de 2014.

Para iniciar sua experiência no futebol, o empresário contou com um especialista no mundo dos negócios desta área.  Até 2018, ele teve um sócio muito importante, o ex-jogador Jorge Ferreira da Silva, o Palhinha, cria do América-MG, titular do São Paulo dirigido por Telê Santana no início da década de 1990 e camisa 10 do Cruzeiro nas conquistas da Copa do Brasil de 1996 e da Copa Libertadores de 1997 (marcou 36 gols em 103 jogos em 1 ano e 7 meses).

SOCIEDADE COM PALHINHA – Palhinha e Valentim formaram dupla juntos por quatro anos na gestão e sociedade do Boston. Até que o ex-jogador deixou os Estados Unidos e seguiu para Portugal, onde presidiu o União Almeirim, que disputava a quinta divisão nacional.

Enquanto isso, o Boston City se preparava para expandir sua área de atuação. Renato Valentim recebeu propostas de intermediários de outros continentes, porém preferiu focar na estruturação da “filial” do Brasil, que compete na terceira divisão do Campeonato Mineiro e tem planos de subir de divisão a partir de 2025.

“O projeto estava no papel, tínhamos um projeto para ir para três continentes. Na época, todo mundo estava investindo no futebol da China. E tinha o projeto de ir para a América do Sul. A gente ia estruturar o clube aqui, construir o centro de treinamento, estádio nos EUA. Só que, por dificuldade, o Revolution quer construir em Boston e não consegue um terreno. Nós estamos trabalhando para construir um centro de treinamento aqui, mas estava demorando muito para acontecer. Com isso, vamos inverter essa ordem. Primeiro, vamos construir uma estrutura no Brasil. Enquanto isso, a gente trabalha no local aqui para voltar e fazer o mesmo aqui em Boston”.

INVESTIMENTO NA TERRA NATAL – O gestor explicou a escolha por Manhuaçu para sediar o complexo esportivo com centro de treinamento e arena multiuso com 12 mil lugares. “Conversamos com várias cidades em São Paulo, fomos a Itabirito e cidades na região de Belo Horizonte. Estivemos conversando com os prefeitos da cidade. No final, escolhi a cidade de Manhuaçu por ser a minha cidade natal, bem como por ter grandes investimentos no setor imobiliário. Então, quis oferecer essa oportunidade para o pessoal da região”.

A partir de 2025, analisa o empresário, o Boston City terá time para brigar pelo acesso ao Módulo II. O objetivo é estar na Série A ou B do Campeonato Brasileiro em 10 anos. Nos Estados Unidos, o clube continuará na USL League Two, quarto nível do futebol no país e com caráter semiprofissional.

No Americano, além da garimpagem de talentos, o objetivo é fazer o clube recuperar prestígio estadual e nacional com a volta do alvinegro às disputas das competições mais importantes. “Hoje, o foco está sendo investimento no futebol no Brasil. Nos EUA, disputamos a liga americana, mas sem grandes investimentos exatamente para desenvolver no futebol do Brasil”, concluiu Renato Valentim.

 

 

Foto: Divulgação.

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